terça-feira, 20 de abril de 2010

Kings




Existem vezes em que séries estreiam prometendo muito e, por mais que realmente cumpram o prometido para os críticos, não caem no gosto do público americano, gera pouca audiência e, por consequência, são canceladas prematuramente. Muitas vezes essas séries nem conseguem garantir um final apropriado, devido ao pouco tempo entre a decisão pelo cancelamento e a exibição do último episódio gravado.

Temos casos recorrentes quase que anualmente. Em 2006, foi Studio 60, série fantástica protagonizada pelo ex-Friends Matthew Perry, cancelada depois de 20 episódios. Em 2007 tivemos Jericho, salva do cancelamento através da pressão feita pelos fãs via internet (terminou não aproveitando a sua segunda chance e foi cancelada -- novamente -- em 2008). Em 2008, tivemos Pushing Daisies, série fantástica, vencedora de inúmeros prêmios e que teve a sua segunda temporada em 2009, mas a falta de audiência não conseguiu salvá-la do cancelamento.

E em 2009 também tivemos uma excelente série, que infelizmente não era para ter sido exibida na TV aberta: Kings.

Leia Mais...

Série protagonizada por Ian McShane (que hoje está filmando Piratas do Caribe 4), sua história é uma releitura para os tempos atuais da saga bíblica de Davi. Obviamente possui suas licenças poéticas, mas traz diversas referências às passagens bíblicas, o que só complementa a experiência da série.

Rei Silas (McShane) é o monarca do reino de Shiloh, que consegue ressucitar o país após um dos períodos mais negros na história. Considerado por muitos como tirano, ele tem que batalhar constantemente para a manutenção de sua imagem devido à constante guerra com o país rival, Gath.

É em uma dessas batalhas que somos apresentados a David Shepard (Christopher Egan, Eragon e Resident Evil: A Extinção), soldado do exército de Shiloh. Ao ver que o príncipe Jack Benjamin (Sebastian Stan, Gossip Girl), filho de Silas, foi preso pelas tropas de Gath, David consegue, sozinho, infiltrar-se nas linhas inimigas, resgatar Jack e ainda destruir um dos impenetráveis tanques Goliath (ou Golias, em bom português).

A partir daí, o rapaz é idolatrado pela mídia e pela população, e se vê totalmente envolvido nas tramas e traições envolvendo a família real e a corte, como um todo.

Muito da série indica que David é predestinado a suceder o trono ocupado por Silas, trazendo um grande receio por parte do rei e provocando a inveja de Jack e William Cross (Dylan Baker, ótimo como sempre), irmão da rainha Rose Benjamin (Susanna Thompson). Junte isso ao romance proibido entre Michelle Benjamin (Allison Miller) e David, e temos um prato cheio para as mais diversas conspirações nos bastidores da monarquia.



As subtramas são todas bem coesas. Um dos melhores coadjuvantes da série é o Rev. Ephram Samuels (Eamonn Walker), que serve como principal elo entre a trama dramática da série e os detalhes sobrenaturais que giram em torno de Shiloh.

Infelizmente a série não teve boa audiência, e depois de mudanças de horários terminou tendo o seu cancelamento anunciado pelos executivos da NBC. Como todos os seus treze episódios foram gravados antes mesmo da exibição do piloto, os produtores só puderam fazer umas poucas mudanças no series finale para dar um encerramento digno à série. Conseguiram fazer muito, e o final, mesmo decepcionante por não nos mostrar o futuro de Shiloh nas mãos de David, conseguiu amarrar praticamente todas as tramas e subtramas criadas nos treze episódios.

Com participações especiais de Brian Cox (A Supremacia Bourne) e Macaulay Culkin (preciso dizer o que ele fez?), Kings é uma série formidável, que com certeza teria se dado bem em canais fechados, como a HBO. Infelizmente a TV aberta precisa apresentar programas em que o espectador não precisa pensar durante a exibição, e produções horríveis como Heroes pós-1ª temporada continuam sendo exibidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário